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CONTEM UM POUCO SOBRE A IDEIA INICIAL DO FILME E COMO O PROJETO FOI DESENVOLVIDO?

FELIPE BRAGANÇA A ALEGRIA é um filme sobre alguns sentimentos de juventude em uma cidade tomada por um imaginário de violência e fantasmas do passado, misturados a ideais muitas vezes perdidos de paraíso e prazer. A idéia é falar sobre os sentimentos juvenis de uma geração nascida após a ruptura cultural e política do final dos anos 80, misturando elementos de crônica realista com elementos poéticos
fantasiosos. Fiz uma longa pesquisa em blogs, flogs e redes sócias de internet, além de revisitar algumas leituras da adolescência como os romances de aventura do século 19, procurando encontrar a atmosfera de quase-sonho que imaginávamos para a narrativa.

MARINA MELIANDE A ALEGRIA é a parte central de uma trilogia chamada Coração no Fogo idealizada por mim e pelo Felipe, com roteiros dele, sobre o imaginário juvenil nos dias de hoje, que começou com o longa-metragem experimental A Fuga da Mulher Gorila (rodado em oito dias com recursos próprios e apresentado em competição no Festival de Locarno 2009 e premiado em Tiradentes) e será terminada com Desassossego (um longa coletivo com fragmentos de dez jovens realizadores que já está em fase de finalização). É a nossa forma de pensar e intervir também na forma como o cinema é feito e sentido hoje no Brasil.

COMO FOI O TRABALHO COM OS ATORES DO FILME?

MM Gostamos muito de trabalhar com atores não-profissionais, mesclando com atores profissionais. Foi um prazer reunir o grupo de nossos protagonistas adolescentes e procurar na identidade deles traços que nos trouxessem para mais perto dos personagens escritos no roteiro. Por mais de dois anos procuramos por nossa protagonista e tivemos muita sorte de encontrar a Tainá Medina, uma menina de 15 anos que nunca tinha atuado antes, e que tinha a energia certa para encarnar nossa “super-heroina”: Luiza. Com ela e com o resto do elenco selecionado, passamos por uma preparação intensa que durou cinco semanas.

FB No começo dos ensaios, os atores não tiveram contatos com o roteiro. Conduzimos os ensaios procurando improvisar situações que criassem uma memória afetiva entre os atores-personagens, além de preparar fisicamente nossos jovens e inexperientes protagonistas ao tipo de entrega e concentração que queríamos. Usamos um método em que as cenas e as falas eram lidas para eles em voz alta por nós, sem que eles precisassem entrar em contato com a leitura do roteiro em papel. A idéia era criar uma sensação de sonho e história-para-dormir para os diálogos, fugindo de qualquer idéia de um improviso solto e realista que não nos interessa em nada, mas também encontrando uma alternativa fluida e doce a um aprisionamento obediente ao roteiro como um documento a ser meramente obedecido.

FALE SOBRE SUAS INFLUENCIAS PARA A REALIZAÇÃO E CONCEPÇÃO DO FILME.

FB A ALEGRIA é um filme interessado no entusiasmo como elemento estético e dramático central, rompendo com um certo imaginário do cinema contemporâneo dominado pela nostalgia e o fetiche da melancolia. Nesse sentido, nos identificamos com o que alguns cineastas como Apichatpong Weerasethakul e seu Tropical Malady, Jia Zhang-ke e seu Unknown Pleasures e O Novo Mundo do Terrence Mallick. Além dos já clássicos filmes norte-americanos de highschool dos anos 80, especialmente os dirigidos por John Hughes. E é claro que a minha parceria com Karim Ainouz como roteirista e diretor-assistente foi uma referência importante, especialmente no trabalho intenso que tivemos com os atores.

MM Sempre conversamos sobre misturar gêneros clássicos do cinema juvenil com referencias contemporâneas de cinema. Falávamos de Pedro Costa misturado com John Hughes, Apichatpong embaralhado com Nicholas Ray, Jia Zhang-ke recortado com filmes de aventura dos anos 30... O tempo, o clima e as texturas do filme foram pensados a partir dessa mistura de superfícies: entre a pesquisa de linguagem, a releitura de referencias clássicas, e a aproximação com o universo juvenil e o imaginário audiovisual adolescente.

FALE UM POUCO DA SUA EXPERIENCIA ANTERIOR E DE COMO SE DÁ A PARCERIA ENTRE VOCÊS?

FB  Tenho 29 anos e desde os 19 me dedico a estudar, escrever e realizar filmes. Dirigi três curta-metragens premiados entre 2003 e 2006. Em 2005, comecei uma parceria com Karim Ainouz como diretor-assistente e roteirista de O Céu de Suely e desde então tenho escrito roteiros e participado da concepção de seus novos filmes – além de colaborar com outros jovens diretores brasileiros como Eduardo Valente. Em 2008 retomei a parceria com a Marina Meliande, com quem já tinha trabalhado na época da faculdade, e idealizamos a trilogia de filmes que chamamos de Coração no Fogo focada no imaginário juvenil e escrita de forma complementar – cujo primeiro filme, A Fuga da Mulher Gorila, foi realizado em 8 dias com orçamento de 8 mil reais e foi premiado em Tiradentes e apresentado em competição no Festival de Locarno 2009. A Alegria, pra mim, é o foco central e marco dessa minha parceria com a Marina em que minha forma de criar personagens e imagens se casa muito bem à grande capacidade dela de organizar idéias e construir ritmo e sentido para elas.

MM  Trabalho como montadora, editora de som e diretora desde os meus 20 anos e hoje tenho mais de 40 filmes editados, entre longas, curtas e médias. Entre 2007 e 2009 estive como artista residente no Le Fresnoy – Studio National dês Arts Contemporains, na França,desenvolvendo vídeo-instalações e uma intensa pesquisa sobre as formas de memória visual no mundo contemporâneo – que dará fruto brevemente também a um media-metragem. Minha experiência como montadora se combina perfeitamente a experiência de Felipe como roteirista, em um trabalho de direção e criação artistica complementar e de grande confiança um no outro.

 
 

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